E por falar em consumismo...

O mundo visto pela janela...
Gramado - RS
Lembrei-me, não por acaso, de um comentário feito há tempos por uma pessoa ligada à publicidade: para vender, nada melhor do que explorar a sensualidade, o instinto maternal/paternal e a culpa dos pais. Hoje ele poderia acrescentar à sua lista outras duas ferramentas de vendas infalíveis: a ecologia e as crianças. Estas, não no papel de coisinhas fofas despertando o instinto protetor dos adulto, mas no papel de consumidores. Aquela, para vender produtos e idéias ecologicamente corretas.  Ecologia que vende? É. E como vende!

Sobre os discursos ecologistas, Marcos Bagno, em artigo da Revista Caros Amigos de outubro, diz que "em nenhum momento se questiona o modelo capitalista de consumo doentio". E que "a própria noção de 'desenvolvimento sustentável' se filia a esse espírito". Mais no artigo "Discuro Ecológico? Cuidado!".

Na mesma revista - sim, estou colocando a leitura em dia - uma matéria de Bárbara Mengardo trata do assédio da publicidade sobre as crianças. E o que as pesquisa revelam não é brincadeira...
Diz, por exemplo, que "o mercado já percebeu que é muito mais fácil convencer uma criança a comprar do que um adulto, e se utilizam disto para vender desde roupas e aparelhos eletrônicos, até poupanças bancárias  e inseticidas". Na empreitada, estão sendo "utilizados recursos que são super estudados pelo mercado publicitário para atingir esse público", diz uma das pesquisadoras ouvidas na matéria.

Funciona? Pesquisa da empresa InterScience de 2003 mostrou que 80% dos pais admitem que os filhos influenciam nas compras de casa, não só de brinquedos.

Bonitinho? A reportagem cita estudos que relacionam algumas consequencias: grande número de casos de obesidade infantil, estímulo à violência, consumismo, perda do potencial criativo das crianças e erotização precoce, especialmente das meninas, pela exploração da vaidade.
Mais: "Devido a seu senso crítico ainda não definido, as crianças acreditam que, para ser feliz, é preciso consumir". E se ela não tem o que quer, a violência e o delito podem entrar em cena para conseguir. "Na Fundação Casa, por exemplo, 80% dos delitos cometidos são patrimoniais".

Ordinário... Marco regulatório nisso! A psicóloga Roseli Goffmann conclui: "essas regras que o Estado deveria seguir e aplicar são condutas para preservar a criança brasileira de uma vida banal. Porque a vida de pensamento único é uma vida banal, sem originalidade".

Os artigos completos estão na revista. Sugiro imensamente a leitura. Onde? Tira o escorpião do bolso e vai lá no site comprar a revista. Se você não é pai, também... Um ou dois desses produtos da publicidade mirins podem resolver pegar o que querem na sua casa, como aconteceu comigo. Chegar e encontrar sua casa arrombada e revirada e sua intimidade exposta na internet, não é nada agradável. Descobrir que foram os filhos da vizinha que você recebia em casa, é uma forma agressiva de entender que ninguém está imune à educação mediocre de uma geração.
E para os que odeiam o PT, aproveite e leia a entrevista de Fábio Konder Comparato, na mesma edição. Lava a alma dos anti-petistas...


Comentários

Postagens mais visitadas